28 de março de 2014

CINEMA EM CASA - Tarantino's Mind

Escrito por: Peterson Leandro

Olá!

Como sabem, sexta é dia de cinema no Infinito de Nós, e hoje vamos conversar sobre a carreira do aniversariante dessa semana, um ilustre balconista de locadora que se tornou um dos maiores, mais cultuados e controversos diretores/roteiristas do nosso tempo, meu grande ídolo no cinema, QUENTIN TARANTINO.

Apaixonado pela sétima arte desde criança, Tarantino estudou atuação em diversas escolas de artes, mas começou sua carreira, de fato, escrevendo roteiros. Viu seu nome crescer quando seu roteiro de True Romance (Amor à Queima-Roupa), dirigido por Tony Scott, ganhou destaque pela crítica especializada, abrindo os caminhos para que ele pudesse escrever e dirigisse seu próprio filme.

CÃES DE ALUGUEL (1992): A plot é simples: cinco homens são contratados para fazer um roubo e algo sai errado porque um deles traiu o grupo. Porém, desde o primeiro longa Tarantino já delimitou seu peculiar estilo. Com ele nada é tão simples, nem tão pouco genérico. O grupo de assaltantes, por exemplo, não se conhece, não sabem se quer os nomes uns dos outros, e o objeto do roubo não é mostrado em momento nenhum durante todo o filme. As referências à cultura pop são jogadas em peso nos diálogos longos e extremamente bem escritos (o icônico debate sobre Like a Virgin, de Madonna), a trilha sonora eclética, a narrativa não-linear e a violência já estão presentes, características marcantes do estilo do diretor.



PULP FICTION (1994): Dois assassinos profissionais, um gângster e sua esposa, um pugilista pago para perder uma luta e um casal assaltando um restaurante, na Los Angeles dos anos 90. Como todas essas histórias se relacionam, só Quentin Tarantino pode fazer. Considerado por muitos o melhor trabalho do diretor, Pulp Fiction foi sucesso absoluto de crítica, recebendo a Palma de Ouro em Cannes, sete indicações ao Oscar, nove no BAFTA e seis no Globo de Ouro, cunhou diversas e cenas e diálogos e colocou o nome de Tarantino de vez entre as promessas do cinema moderno, além de, claro, tirar a carreira de John Travolta da lama. É uma pena que ela tenha voltado pra lá de novo.



JACKIE BROWN (1997): Pela primeira vez Tarantino não escreveu completamente um filme dirigido por ele. Jackie Brown é, na verdade, uma adaptação do romance Rum Punch, de Elmore Leonard, lançado em 1992, e conta a história de uma aeromoça de uma pequena linha aérea mexicana que, apesar do baixo salário, se mantém no emprego porque esse a possibilita contrabandear dinheiro do México para os Estados Unidos. É interessante notar que, como bom fan-boy que é, aqui Tarantino começou a homenagear seus estilos cinematográficos favoritos, como continuou fazendo nos filmes seguintes, rendendo tributo aos filmes “blaxploitation” da década de 1970. Confesso que não é um dos meus preferidos, mas ainda assim o filme teve grande recepção pela crítica, além de uma indicação ao Oscar e duas no Globo de Ouro.



KILL BILL (2003/2004): Desenvolvido ainda no meio da produção de Pulp Fiction, Kill Bill mostra a saga da “Noiva” (Uma Thurman, mais incrível do que nunca, que também leva créditos no roteiro) em busca de vingança, após ser brutalmente (quase) assassinada em seu próprio casamento, grávida, pela gang do tal Bill, à quem o título se refere, a mando do mesmo. Homenageando principalmente o cinema japonês, Kill Bill teve que ser dividido em dois volumes, pois uma sessão de mais de 4h não seria comercialmente viável para os cinemas, sendo esse um dos motivos que podemos considera-lo o maior hit comercial do diretor até hoje. Além disso, o filme também foi indicado a cinco BAFTAS e três Globos de Ouro, nada mal, eu diria, mas o melhor ainda estava por vir.



BASTARDOS INGLÓRIOS (2009): Depois de uma longa pausa, Tarantino volta em grandioso estilo. Acostumado a criar suas próprias histórias, dessa vez ele resolveu ousar e reescrever a História, contando, dessa vez, sobre a vingança de dois judeus, o Tenente Aldo Raine (brilhantemente interpretado por Brad Pitt) e Shosanna Dreyfus/ Emmanuelle Mimieux, contra o nazismo de Hitler em plena Paris efervescente da década de 40. Com ajuda de um elenco afinadíssimo, Tarantino conseguiu contar uma história extremamente empolgante e violenta, transformando de vez sua forma de fazer não apenas como um estilo pessoal, mas quase um gênero de cinema. Seguindo o sucesso de Kill Bill, Bastardos arrecadou muito bem, mas também trouxe grande reconhecimento ao arrematar oito indicações ao Oscar, seis ao BAFTA e quatro no Globo de Ouro, todas com grade destaque às vitórias de Christoph Waltz pelo seu impagável Coronel Hans Landa, já considerado um dos grandes vilões do cinema.



DJANGO LIVRE (2012): Para finalizar o que chamamos de “Vengeance Trilogy”, Tarantino escolheu homenagear seu gênero favorito: faroeste. Conhecemos, então Django, um escravo livre que cruza por todo os Estados Unidos com o “Dr.” King Schultz, um caçador de recompensas, na missão de resgatar sua amada esposa das mãos do cruel "Monsieur" Calvin J. Candie. Na minha opinião, Django não é tão icônico quanto seus parceiros de trilogia, no entanto não perde em nada na qualidade. Grandioso destaque, mais uma vez para o elenco, que entrega incríveis atuações, especialmente Samuel L. Jackson (terceiro trabalho juntos), Leonardo DiCaprio (fazendo seu primeiro vilão) e, mais uma vez, Christoph Waltz, que recebeu seu segundo Oscar por um trabalho com Tarantino. Além disso, o filme teve cinco indicações da Academia, BAFTA e Globo de Ouro e, mais uma vez, fez muito dinheiro.



Obviamente, Tarantino, mente criativa que é, se envolveu em diversos outros projetos interessantes, como Grindhouse e seu excelente “A Prova de Morte” ou sua participação como diretor convidado em “Sin City”, por exemplo, mas nosso espaço aqui é curto, precisaríamos de dias de leitura para discutir todos os pontos interessantes dessa carreira. Então, para finalizar, indico o excelente curta-metragem que empresta nome a esse post, que sintetiza uma teoria vastamente debatida na internet, de que todos os filmes do diretor se passam num mesmo universo e se ligam de alguma forma, abrilhantando ainda mais a obra de Tarantino, mostrando quão único é seu talento.





Até a próxima. ;)

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FICHA TÉCNICA:

Quentin Jerome Tarantino
27 de Março de 1963
Knoxville, Tennessee, US

21 indicações ao Oscar (4 vitórias)
25 indicações ao BAFTA (5 vitórias)
20 indicações ao Globo de Ouro (4 vitórias)
2 indicações à Palma de Ouro (1 vitória)

3 indicações ao Broadcast Film Critics Association Awards (2 vitórias)

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